Esse conto é verídico, vou conta-lo em partes pois é muito longo.
Ela chegou até mim com os olhos marejados de lágrimas. Logo notei que algo não estava bem, que queria contar-me algo.
E era muito importante tamanha a tristeza que eu via em seu olhar.
Parecia que carregava pesos e mais pesos sobre os ombros, pois até estava encurvada como se quisesse entrar em si mesma.
Parei tudo o que estava fazendo e emprestei-lhe meus ouvidos atentos.
Para mim (embora a tristeza que ela carregava) era um imenso prazer poder dividir, saber o que se passara em uma mente tão brilhante.
Ela me dissera que havia dedicado anos e anos da sua vida a ele.
Que havia abdicado dos seus sonhos mais lindos, do seu direito de ser mulher jovem para estar ao lado dele.
Dissera-me que apagara a sua vida profissional, que havia aberto mão de todos os seus cursos de tantas coisas que havia feito há anos atrás só para ficar ao lado dele e dar-lhe carinho, atenção, educação... embora ela não achasse que tivesse feito muito além da obrigação.
Pois estar com ele era uma opção, uma alegria e não uma obrigação.
Contava-me que se lembrava como se fosse hoje de tantas brigas que havia comprado por conta dele.
De como abriu mão dos seus sonhos para sonhar os sonhos dele. Eu apenas ouvia atenta, mas assim como as lágrimas que rolavam dos olhos dela eram intensas eu também não me continha e chorávamos juntas.
Contou-me das noites em que passou em claro à beira da cama dele enquanto ele ardia em febre, delirava. ou até mesmo quando eram apenas os seus temores noturnos.
Contou-me de uma vez que quase morreu para que ele vivesse.
Disse-me que vivia para ele e que era um amor incondicional, parecido com o amor Deus por nós.
Um amor real, sincero, verdadeiro...
Contou-me de todas as vezes que se calara mesmo sem concordar para dar razão á ele para que ele se sentisse bem.
Mas também me dissera que não se arrependia de nada do havia feito do fato de ter deixado de viver sua vida para viver a vida dele.
Afinal ele era e é o seu maior amor, depois do amor que sente por Jesus é claro. Foi assim mesmo que ela me disse.
Dissera-me que nutria no intimo um desejo imenso de ouvir um “eu te amo” dos lábios dele.
Ou ainda que fosse uma gentileza mesmo que muito tímida.
Mas isso nunca havia acontecido.
E nos anos em que se seguiam à impressão dela é que ele deixava de nutrir amor por ela e por todos que carregavam o seu sangue nas veias.
Ele nunca deu importância à sua família muito pelo contrario não fazia questão nenhuma de deixar bem claro que não gostava de nenhum deles e nem de nada que viesse da parte dela.
Ela por muitas vezes o ouvia dizer aos estranhos que os amava, notava a forma com a qual tratava pessoas das quais acabara de conhecer como se fossem as mais importantes do mundo.
Mas e ela? Ela ele a ignorava cada vez mais.
Até o dia em que ela foi tomada por um súbito de emoção, um misto de raiva talvez.
A essa altura já não controlávamos mais nossas emoções, as lágrimas rolavam em abundancia dos nossos olhos e eu só consegui abraça-la. e continuar ouvindo.
Com carinho.. beijos e bençãos. Aguardem o desenrolar do conto.
Texto e fotografia: Katucha Lodi
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sejam bem vindos podem comentar a vontade