Meus anjos gosto de colocar no meu blog aquilo que eu realmente gosto. E as postagens de Elisa Santoro é algo que me deixa maravilhada. viajo quando leio o que essa jovem escreve. Não simplesmente pelo de fato de ser minha amiga mas creio que seja uma das escritoras com uma das carreiras promissoras que conheço. Não vou falar muito a respeito dessa jovem, pois seria cliché, pois quando gostamos de alguém só conseguimos enxergar coisas boas. Mas no caso que me refiro sei que é bom mesmo. Leitura boa de qualidade e grande aprendizado.
Esfinge - Capítulo 1
Epígrafe:
“Esta palavra primeiro disseram-me as Deusas
Musas olimpíades, virgens de Zeus porta-égide:
"Pastores agrestes, vis infâmias e ventres só,
Musas olimpíades, virgens de Zeus porta-égide:
"Pastores agrestes, vis infâmias e ventres só,
sabemos muitas mentiras dizer símeis aos fatos
e sabemos, se queremos, dar a ouvir revelações".
e sabemos, se queremos, dar a ouvir revelações".
Hesíodo – Teogonia Trad: J.A.A. Torrano
Capítulo 1 – Prefácio da 1ª edição
A história que ora chega às suas mãos, raro leitor, por incrível que pareça, é real. Não faz parte de releituras de obras literárias, tampouco é algum tipo de adaptação de enredo. Confesso que até gostaria de participar, mas não faço parte do movimento atual, que busca reviver, como Fênix, a cultura, a escrita, os poetas, os romances, suas escolas, teorias, manifestos e criações. Claro que a escrita é, por si só, construída a partir de convenções de estilo e, mais recentemente, de mercado. E talvez por isso o equívoco. Mas estas linhas são, antes de tudo, relatos que subsistem por si, e apenas precisavam de uma tela, a mão de um bom ouvinte que as transformasse em texto.
Por inúmeros motivos, essa mão foi a minha. Conheci Leila por acaso, na inauguração do primeiro centro de cultura do atual governo. Estava lá, como convidada de honra, em memória a alguns integrantes da Cúpula. Claro que, na ocasião, eu não tinha a menor ideia da abrangência de suas ações, muito menos do tamanho de sua influência e de seu papel na Revolução. Ninguém sabia.
E por isso mesmo, tamanho foi o meu espanto ao ser abordado por ela, mais tarde, para escrever tal história. Principalmente pela proposta. Leila gostaria que tais páginas fossem como que um registro de sua vida íntima, a que nem o próprio Lucas teve acesso. Por isso, deveriam ser redigidas como se fosse possível ler seu ser e enxergá-la de dentro para fora. Como se existisse uma “caixa preta” - como as que eram usadas em aeronaves um tempo atrás-, dela mesma e que, agora, através de minha letra, fosse revelada ao público. Era seu legado, disse. “Que valor há em ter vivido tanto e ser a única conhecedora dos pormenores de tal vida?” Me convenceu.
Mas para que você, raro leitor, não caia no descuido de acreditar que não há um segredo por trás destas linhas, que não se passa de um trabalho bem feito, um jogo de palavras e uma construção letrada apenas, deixo claro que cumpri o propósito para que fui convidado a escrever. Por isso o título. Há um segredo, uma chave, um trocadilho divino que guia a existência desta grande mulher, e que me dei conta apenas tempos depois, ao reler sua vida.
“Mas claro - poderá argumentar - que dirá tal coisa! Isso também é truque de mercado.” Concordo que parece outra construção. Tudo em literatura é proposital, e desde Machado aprendemos a desconfiar de cada linha. Entendo. O que gera outro enigma: se é apenas construção, o fato de negá-la é uma outra, que enreda o leitor ingênuo a acreditar, de fato, na existência de um enigma a ser desvendado na obra. Mas se, ao contrário, não é apenas construção, e contrariando as escolas digo a verdade, tal leitor ingênuo talvez chegue à solução, por ingenuidade, é claro, e você, raro leitor, a perde. Ou a encontre, mas talvez não desfrute de sua sublime verdade por vê-la como leitura extrapolada.
Como minha posição me delata e tira de minhas mãos o poder do juízo e da argumentação, já que escrevo para perspicazes, não possuo defesa. Apenas faço minhas as palavras da imagem: decifra-me ou te devoro.
Tenha uma boa leitura!
Por Elisa Santoro.
Com carinho Katucha Lodi
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